domingo, 24 de abril de 2011

Música para cortar os pulsos - 06

estudo de sentimento nº 01

por T. Ledier

Existem pessoas que, quando chegam, causam como uma explosão cósmica dentro da gente. É um encontro que faz nascer, no mais profundo, uma nova galáxia onde antes não havia a não ser a escuridão de desconhecer aquela sensação. E então, ali, brota uma ânsia, um desespero de contar essa nova descoberta para o outro. Um desespero para que o outro sinta essa explosão e divida com a gente o espanto desse surgimento inesperado. Mas parece que contar não é o bastante: o outro pode entender esse acontecimento, mas entender é pouco diante de tanto espanto: é preciso que ele também o sinta. Mas o outro é incapaz de sentir o que se passa no nosso de dentro. E sempre parece que o outro tem, no máximo, um telescópio que o permite observar essa galáxia espantosa, mas não possui uma grande, bela e potente nave-espacial que lhe permita viajar por ela toda, vivendo-a e descobrindo-a em todos os seus planetas, estrelas, satélites, poeira e buracos-negros.

E passamos a viver, então, como se engolidos por uma massa escura que devora, pouco a pouco, essa nova galáxia, e apaga as estrelas que brilhariam e encantariam e até alimentariam a própria esperança de que alguma delas se cansasse de brilhar e, fazendo-se caída, nos permitisse fazer um pedido que realizasse a presença concreta desse explorador-amante-de-novas-galáxias. Mas parece que a física, a química, a filosofia e os corações continuam mesmo sem saber como explorar outras galáxias. Ou, como um Pessoa disse: 'Que há de alguém confessar que valha ou que sirva? O que nos sucede, ou sucedeu a toda a gente ou só a nós; num caso, não é novidade, e no outro não é de compreender.

Retirado do Blog: Música para cortar os pulsos

sábado, 23 de abril de 2011

Música para cortar os pulsos - 05

estudo de personagem nº 03

o que eu sinto é uma espécie de paralisia. mas que também pode ser chamada de desolação da ausência, de desespero da ansiedade, de angústia do não pertencimento. como uma criança que não é convidada para o jogo a que assiste de fora, sozinha.

como todas as pessoas tolamente apaixonadas, eu acordo pensando em você. e grito dentro de mim durante todo o dia a dor de não saber sobre a sua vida.

eu escovo os dentes e penso sobre a hora em que você acorda. penso sobre a roupa que você veste enquanto lavo as minhas e sobre o que você faz durante a manhã enquanto eu sinto muito sono. quando saio e dou "bom dia" ao porteiro, penso se você está cansado ou se dormiu bem.

eu me alimento mal e penso sobre onde você almoça. faço sozinho as palavras cruzadas do guia da programação cultural da semana e penso sobre com quem você conversa. sinto uma inelutável inércia durante as tardes e penso no que você faz das suas, o que você estuda, com quem você trabalha, por onde andam suas reflexões, o que você aprende, o que você esquece, o que você planeja.

eu deixo meu carro na garagem e penso se você pega trânsito, se você se irrita, como e para onde você se locomove, se você ouve música no rádio, se você ouve cds, quais são eles, se você canta junto, se estaríamos escutando os mesmos cantores no mesmo momento porque o nome disso é “sincronicidade”, se as músicas traduzem seus sentimentos tanto quanto os meus, quais então resumiriam o seu estado de espírito, quais te explicariam a mim e com que eficácia, o que eu preciso ouvir, o que eu preciso saber, o que você esconde e o que tem medo de não revelar, porque eu só to pedindo a tua mão e um pouquinho do braço, eu não quero que você me engula, não quero que você me assista, não quero que você me assuma, não quero que você me corte, talvez queira um pouco que você me inclua, eu só quero um segundo teu e um segundo meu, um instante de dois, apenas te peço que aceite o nosso estranho amor, por favor não evites meu amor, meus convites, minha dor, meus apelos, vem perder-te em meus braços, pelo amor de deus.

(não importa mais o que foi perdido, importa apenas o teu sorriso e nada mais)

eu trabalho esperando notícias suas que não chegam e penso em quantas vezes o seu telefone toca, quantas delas você atende, quanto tempo duram suas ligações, o que você escreve nas mensagens que manda e que não são pra mim, de quem você recebe as palavras que eu com muito esforço consigo não escrever.

eu tomo banho me achando desprezivelmente feio e querendo querer fazer exercícios físicos, pensando como seria se eu tivesse um corpo bonito. eu penso se você faz exercícios físicos ou se acha seu próprio corpo bonito e penso que eu acho ele bonito e que eu desejo o seu corpo sem exercícios físicos, exatamente como ele é.

eu tento me distrair com filmes, séries de tv ou com amigos que valem a pena e penso em quantas coisas divertidas acontecem com você, quantas piadas você está fazendo, quantas risadas está dando, quantas pessoas está fazendo rir.

eu penso nas coisas que penso e penso que queria dizê-las a você e que queria ouvir as que você andou pensando, ouvir as novidades, as descobertas, saber daquilo que você tem gostado ou não.

eu enfrento meus bloqueios criativos e uma vontade paralisante de me encolher em mim mesmo, no canto da sala, no escuro, talvez ouvindo tango com sombras quadriculadas entrando pela janela, e penso nos seus talentos, nas idéias que está tendo, no que está criando, nos projetos que planeja e dos quais participa, a quem está entretendo ou encantando, ou ambos, ou tudo.

calado sem tango ou diante da luz perfurante do computador que também me sonega notícias suas, eu penso sobre as tantas coisas que eu não sei e que você não está me contando. eu penso sobre os seus amigos que eu nem conheço e penso quantos deles te encontram. eu penso em quem pode estar te deixando feliz e nos diferentes afetos que você pode estar trocando com outras pessoas que não sou eu. eu penso em quem encosta no seu corpo, quem te olha nos olhos, quem te beija, se é que beija, porque eu queria que ninguém te beijasse, mas não ia dizer isso mas já disse.

eu penso acima de tudo se você pensa em mim tanto quanto eu penso em você. se você também se corrói imaginando o que eu estou sentindo porque qualquer pessoa sabe que essa não é uma sensação agradável e é uma sensação que aliás incomoda tanto que você nem imagina, você nem imagina como as horas passam atordoantes enquanto eu procuro o botão que desliga meus pensamentos ou que me faz dormir e preferencialmente não sonhar com você, o que é inútil porque eu sonho mesmo quase todas as noites.

eu penso sobre o que você pensa de mim. se me despreza, se se confunde, se sente a mesma saudades filha da puta que eu sinto.

eu vou dormir pensando que você podia ser uma dessas pessoas que surpreendem as outras, que ligam bêbadas às 3 da manhã ou que enviam torpedos mal digitados e escancaradamente sinceros, porque todo mundo sabe que eu sou assim embora seja evidente que muitas vezes eu me arrependa. eu olho as horas no meu telefone celular para saber se já são 3 da manhã e se alguma tentativa de contato aconteceu enquanto os minutos passam e são quase 3 da manhã.

eu vou dormir depois de não conseguir dormir, pensando se amanhã já será o dia em que eu não vou pensar em você, ou se pelo menos eu acordarei com esse pensamento. e pensando principalmente se amanhã é o dia em que talvez, por acaso, sem qualquer planejamento, eu possa vir a te encontrar.

Retirado do Blog: Música para cortar os pulsos

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Música para cortar os pulsos - 04

estudo de personagem nº 02

Eu não te conheci como costumam se conhecer os amantes que tem assim mais ou menos a nossa idade. Você não olhou para mim na luz incerta da pista de dança, eu não dancei te olhando fingindo que não te via, nossos olhares não se raptaram, nenhum de nós caminhou até o outro, nós não conversamos a conversa dos que se querem.

Eu não te sorri sorrisos interessados nem fiz meu corpo falar coisas que a boca geralmente cala. Eu não tentei ser charmoso e acreditar em uma troca sexual de energia, não tentei dizer as coisas certas, nem parecer interessante. Eu não elogiei sua beleza, ou sua inteligência ou seu senso de humor, ou seu carisma, ou seu charme, ou sua doçura ou nenhum dos seus tão evidentes predicados. Nem você os meus. Eu não peguei na sua mão nem te dei um primeiro beijo, nem um segundo, nem um terceiro. Eu não te dei meu telefone nem marcamos um outro encontro.

Nós não jogamos o jogo da sedução.

Eu não te mandei mensagens discretamente tomadas pelo primeiro encantamento, eu não te convidei para sair, nós não fomos ao cinema nem nos encontramos para um café. Não falamos sobre gostos gastronômicos, nem sensoriais, nem artísticos, nem emotivos. Não nos descobrimos ambos viciados em chocolate. Nós também não percebemos outros afetos e carinhos discretos e mútuos. Eu não te dei carona até sua casa do outro lado da cidade só tentando passar mais alguns minutos junto com você.

Nós não trocamos emails ambíguos e plenos de segundas e terceiras intenções. Nós não trocamos as palavras irresistíveis e ridículas das cartas de amor. Nós não intensificamos nossa convivência, nós não nos identificamos cada vez mais irremediavelmente, nós não quisemos cada vez mais a proximidade do outro.

Eu não projetei em você a minha carência nem a minha solidão, nem as minhas inseguranças. Eu não tentei acreditar que você era uma pessoa que combinava perfeitamente comigo. Eu não antevi nosso relacionamento, eu não fiz planos para um futuro que te incluía. Eu não imaginei as tardes que ficaríamos em casa vendo filmes e comendo chocolate. Eu não pensei nos lugares para os quais poderíamos viajar. Eu não me satisfiz com a idéia das peças e shows que veríamos juntos ou sequer das músicas que iríamos compartilhar.

Eu nunca te mandei uma música de amor.

Nós não avolumamos a troca de admirações conjuntas nem de paixões comuns. Nós não demos risada um do outro por motivos bobos, não nos achamos um casal bonito nos olhando abraçados no espelho, não tiramos fotos que eternizassem nossos sentimentos, não vivemos momentos prosaicamente inesquecíveis que jamais quereríamos apagar da memória, nós não quisemos ignorar outras presenças humanas para estarmos sozinhos num mundo sentimental só nosso.

Nós não inventamos apelidos ou termos vocabulares que nos fossem especiais. Não estabelecemos piadas internas, não falamos mal de quem não gostávamos, não nos demos quaisquer presentes criteriosa e amorosamente escolhidos. Não sentimos ciúmes um do outro, nem nos quisemos com exclusividade.

Nada disso nunca aconteceu entre nós.

*

No entanto, sabe por que eu fui me percebendo irremediavelmente apaixonado por você, ainda que sozinho? Eu também não. Mas se fosse supor, diria que essa convulsão que eu chego mesmo a sentir no corpo feito cólica, ao mesmo tempo que é um sentimento único meu, é também um mérito exclusivo da pessoa que você é. Um amor de mão única que existe tão somente em razão da capacidade do objeto amado de simplesmente despertá-lo. Como se com tantas pessoas desinteressantes no mundo, a presença de uma tão especial só pudesse gerar essa resposta, só pudesse ser retribuída com paixão.

E amor assim, tão de graça, tão sem esperança, tão imprevisto e que vive sem precisar de nada em troca, deve ser no fim das contas pelo menos um sentimento bom.

Retirado do Blog: Música para cortar os pulsos

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Música para cortar os pulsos - 03

sob a minha pele (ou Frank Sinatra)

eu sonhei que eu estava exatamente aqui, olhando pra você. você não sabe, mas eu estava exatamente aqui. porque eu tenho você sob a minha pele. no profundo do meu coração. pronto para despertar, perto mesmo de explodir, prester a saber por quê.

eu não queria ter que explicar. ter que contar quem eu sou ou quem eu poderia ser. eu não queria ter que sentir com palavras, porque eu acho que quando falo o sentimento evapora com o som. quando eu falo, sou menos verdadeiro.

quantas músicas de amor eu já te mandei?

(por que um raio cai? por que o sol se vai?)

eu queria que você fosse capaz de estancar isso que me percorre incessante como cataratas, que não tem nome (por que não vamos juntos às Cataratas do Iguaçu?).

eu sacrificaria qualquer coisa, fosse o que fosse, pela sensação de te ter por perto. apesar daquela voz de alerta que vem à noite (toda noite o sol se vai) e repete e repete em meus ouvidos: "você não sabe, seu tolo, que não vai ganhar? seja esperto, caia na real." mas toda vez que eu o faço, o simples pensamento em você me faz desistir antes de começar.

que lugar é esse em que você se recolhe, essa distância próxima? onde você está, que eu não enxergo? eu sinto saudades. e essa dor eu não quero pra ninguém no mundo.

me chama?

se as coisas não precisam de você, por que eu tenho que precisar?

(o amor guardado tem algo de assassino. mata a alma.)

me devolve pra direção em que eu estava quando você cruzou o meu caminho e a entortou? porque os olhos que eu não consigo tirar de você me mostram que você é bom demais para ser verdade. e por que os defeitos que eu enxergo não me convencem?

me mostra quem você ama? (eu tenho medo de você amando; quem você ama é meu pior espectro de tortura.) me conta como você ama? (você ama?) como você ama? você já foi amado de verdade, para cortar os pulsos?

eu tenho medo de você. eu me perco nos teus olhos carentes. eu tenho medo de você. eu queria fazer mais e mais parte. eu tenho medo de você. eu queria que a minha vida se conectasse a sua. alguém pensa que é fácil? eu pegaria os caminhos se você me mostrasse os mapas. eu quero que você vá se fuder. o nome disso é desalento. eu quero fugir de uma vez. será que eu estou paralisado, esperando-o? só os clichês são verdade. uma dramaturgia tão ridícula como só o 'amor' sabe fazer.

algum dia, em algum momento eu queria só...

(o que você esconde e o que tem medo de não revelar?)

eu quero que você pegue um avião pra Malásia. e queria que você me fizesse feliz.

(quem te vê passar assim por mim não sabe o que é sofrer. e eu morrendo devagar, em silêncio, entre uma música e outra.)

tantas coisas para dizer que só o silêncio pode expressar

(o amor guardado, esse assassino.)

Retirado do Blog: Música para cortar os pulsos

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Música para cortar os pulsos - 02

sábado, no verão

 ele chega em casa e escuta músicas para cortar os pulsos e ele quer que essa peça já existisse. ele tem preguiça existencial e melancolia aguda, ele tem vontade de tentar dormir de novo embaixo da mesa ou de comer um sanduíche, ele tem só vontade, mas ainda não há sol.
 ele tem vontade de que o futuro não chegue nunca ou que ele chegue logo para lavar embora tudo o que ainda resta do que não é bom.

ele chega em casa de madrugada, ainda antes de cruzar a fronteira da manhã, mas ele ouve essas músicas e ele queria assistir a essa peça, em vez de ter que fazê-la. ele se sente sozinho e triste e patético e ele deseja que você nunca tivesse existido, para que não tivesse vindo estragar o que era perfeitamente certo. mas já que você existiu e em algum lugar ainda existe, ele só deseja que você desapareça, para que ele não se sinta mais patético.

ele tem vontade de beber água e tomar sorvete e sair cantando pela rua como se chovesse, mas agora não chove mais e tudo o que ele pode esperar é dormir em sua própria cama. ele gosta de ‘camas desfeitas’ e gostaria de talvez acordar em uma que não fosse a sua própria, só para sentir saudade dela e sentir-se inútil e desoladoramente boêmio como ele vem lutando para não mais ser.

ele queria de novo confrontar-se de surpresa com uma parada de elefantes ou, atualizado, ele queria fugir para uma ilha onde estão as coisas selvagens. onde vivem os monstros. sua melancolia solitária é a de um garoto em seu iglu, seus vôos fantasiosos são belos como aqueles nascer e pôr do sol, seus afetos são delicadamente monstruosos.

ele que nem sabe mais fingir que tem um tapete voador, ele vai dormir. mas sem querer.

Retirado do Blog: Música para cortar os pulsos

terça-feira, 19 de abril de 2011

Música para cortar os pulsos - 01

Ricardo

(primeiro a música, depois o texto)

Isabela,

hoje eu quis beijá-lo mais do que nunca. olhar em seus olhos, fazer vê-lo o quanto eu gosto dele. "como se nascesse ali um amor absoluto pelo homem que eu vi". hoje eu quis abraçá-lo e encostar meu corpo no dele e dizer-lhe palavras bonitas e sinceras. hoje eu quis fazê-lo sentir-se amado (porque aqueles olhos irresistivelmente carentes me dizem que talvez ele jamais tenha sido de verdade, para cortar os pulsos). hoje eu quis que ele nunca mais saísse do meu lado e quis que minha vida se conectasse à dele, quis saber tudo o que eu ainda não sei e quis saber mais e por mais tempo, quis fazer mais e mais parte. "coisas a se transformar para desaparecer e eu pensando em ficar a vida a te transcorrer..."

(ele encosta em mim, geralmente no meu braço. e eu nunca sei o que fazer.)

eu mostro a ele um relicário com todos os melhores tesouros singelos que eu consegui reunir. "poderia lhe entregar meu coração, alma vida e até minha atenção". mas ele olha de longe, quando olha. tem medo de descobri-lo. e eu vou ficando sem forças para segurar o relicário e triste de sentir que não terei disposição de tentar fazê-lo por mais tempo.

hoje eu quis dizer para ele: "você pensa que é fácil?"

você pensa que é fácil?

você pensa que é fácil?

eu acho que ele sabe que não é. mas tem um jeito atordoante de convencer a si mesmo (como se quisesse convencer a mim) de que talvez possa ser.

e eu morrendo devagar, em silêncio, pelo caminho, entre uma esquina e outra.

se você achar meu coração perdido pela cidade, devolva-me.

seu,

R.


Retirado do Blog: Música para cortar os pulsos

Música para cortar os pulsos

Olá...estava com saudades de aparecer por aqui. Meu TCC está caminhando bem....tenho muito trabalho pela frente, mas pelo menos está dando tudo certo.

Ainda continuo sem tempo para postar (e para falar a verdade não estou querendo escrever sobre meus sentimentos no momento).

Por essa razão vou postar uma série de textos que fazem parte da peça "Música para cortar os pulsos" que eu assisti faz duas semanas e adoreeei.

Se vocês tiverem oportunidade de assitir não percam....

Para maiores informações (agenda, contato, etc), visitem o blog:

Música para cortar os pulsos


FICHA TÉCNICA

Sinopse
Em dez cenas curtas, as histórias amorosas de três jovens se desenrolam com a intensidade (e ao som) das músicas para cortar os pulsos. Isabela sofre porque foi abandonada, Felipe quer se apaixonar e Ricardo, seu amigo, está apaixonado por ele.

texto e direção: Rafael Gomes

ass. de direção e preparação de atores: Thiago Ledier

com

Kauê Telloli _ Felipe

Mayara Constantino _ Isabela

Victor Mendes _ Ricardo

Guilherme Gorski (alternante)

cenografia: André Cortez

figurino: Anne Cerutti

iluminação: Marisa Bentivegna

operador de luz: Jean Marcel

produção: Euforia Produções/ Ioiô Filmes

coordenação de produção: Isabel Sachs

ass de produção: Adriana Sá Moreira

produção executiva Viagem Teatral: Maira Cessa

design gráfico: Camila Sato

fotos: Fabio Furtado

um espetáculo: Empório de Teatro Sortido

realização original: SESC - SP